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Mineira australiana Syrah suspende produção de grafite em Cabo Delgado

Mineira australiana Syrah suspende produção de grafite em Cabo Delgado

A mineira australiana Syrah anunciou ontem que produziu em abril 15 mil toneladas de grafite para baterias de carros elétricos, que exporta de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tendo interrompido no mês seguinte a produção devido aos ‘stocks’ internacionais.

“As operações da fábrica de Balama foram interrompidas, resultando em nenhuma produção em maio e junho de 2023, devido à volatilidade no mercado chinês de ânodo e à boa disponibilidade de ‘stock’ de produtos acabados”, lê-se no relatório de atividade do segundo trimestre, divulgado ontem pela Syrah e no qual estima custos de quatro milhões de dólares (3,5 milhões de euros) por cada mês de encerramento naquela unidade.

A produção da mineira australiana em Cabo Delgado tinha subido para 41 mil toneladas de grafite natural no primeiro trimestre deste ano, face a 35 mil toneladas no trimestre anterior, acima das vendas, que subiram de 28 para 30 mil toneladas.

Na informação de ontem, a empresa justifica ainda a decisão de suspender a produção desde maio com a necessidade de escoar o ‘stock’, atualmente de 28 mil toneladas, enquanto aguarda por uma “melhoria” nas condições de procura do mercado por grafite natural, admitindo igualmente o impacto na produção global de grafite sintético.

“A decisão de reiniciar a produção dependerá do aumento das vendas do ‘stock’ e de novos pedidos de vendas a preços acima dos custos operacionais em volumes de produção de pelo menos 10 mil toneladas por mês, de acordo com a revisão do modo de operação em Balama”, lê-se no documento, em que a Syrah reconhece que os pedidos e propostas recebidas para aquela produção “ainda não atingiram esse nível”.

A Syrah foi uma das empresas mineiras cuja operação foi afetada pelo conflito armado em Cabo Delgado. Em junho de 2022, a cadeia logística foi suspensa temporariamente devido a ataques que se aproximaram da estrada por onde é escoada a grafite. Em novembro, as instalações da mina tiveram de ser evacuadas devido a violência nas proximidades.

A mineira tinha vindo a recuperar progressivamente a produção na unidade Balama e em abril operou “ininterruptamente”, apesar de ainda a “aproximadamente 50% da capacidade”. “A empresa está focada em fortalecer a confiabilidade da planta e identificar e implementar eficiências operacionais durante a pausa na produção”, assume ainda a Syrah.

A firma australiana está também a construir a sua própria fábrica de material de baterias Vidalia, nos Estados Unidos da América, que será alimentada com minério moçambicano, neste caso com duas toneladas enviadas em abril.

Fonte: CartaMZ