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Manuel Chang declara-se inocente em tribunal dos EUA

Manuel Chang declara-se inocente em tribunal dos EUA

O ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, declarou-se inocente num tribunal de Nova Iorque, na primeira sessão do julgamento relativo ao escândalo das dívidas ocultas, depois da extradição da África do Sul.

De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o juiz distrital Nicholas Garaufis considerou haver risco de fuga e negou o pedido do ex-ministro de libertação sob fiança.

Os procuradores defenderam que Chang deve permanecer sob custódia, porque Moçambique não tem um acordo de extradição com os Estados Unidos da América (EUA).

O antigo ministro pode enfrentar 55 anos de prisão se condenado pelas acusações.

Chang chegou a Nova Iorque nesta quarta-feira ao final do dia, depois de ser extraditado da África do Sul, onde estava sob custódia desde a sua prisão em 2018, tendo-se apresentado na quinta-feira num tribunal em Brooklyn.

A acusação dos EUA diz que Chang fez parte um grupo de dirigentes corruptos moçambicanos, que terão conspirado com banqueiros do Credit Suisse para garantir um empréstimo avalizado pelo Estado para projectos marítimos que acabaram por não se concretizar, e avolumaram a dívida pública moçambicana.

Em 2021, o Credit Suisse pagou quase 475 milhões de dólares para resolver várias investigações sobre a sua participação neste escândalo.

Três banqueiros do Credit Suisse consideraram-se culpados neste caso, e Jean Boustani, um comercial da Privinvest acusado de pagar 200 milhões de dólares, em subornos a dirigentes e banqueiros moçambicanos, foi absolvido em 2019 pelo tribunal de Brooklyn, onde Chang compareceu nesta quinta-feira.

A acusação norte-americana argumenta que Boustani canalizou pagamentos ilícitos para responsáveis como Chang e, com isso, defraudou os investidores norte-americanos ao ajudar a organizar e esconder os subornos nas transações financeiras oferecidas a investidores em Nova Iorque e Los Angeles.

Chang e Najib Allam, o antigo director financeiro do Grupo Privinvest, enfrentam acusações que incluem conspiração para cometer fraude bolsista e lavagem de dinheiro.

Allam está no Líbano, país com o qual os Estados Unidos não têm acordo de extradição, e as autoridades norte-americanas vão procurar trazê-lo à justiça caso saia do país e seja detido noutro país, disse o procurador norte-americano Hiral Mehta no mês passado.

Para o advogado de Chang, Adam Ford, o caso devia ser arquivado não só devido ao tempo que já passou até o cliente ser ouvido em tribunal, mas também devido às “péssimas condições” em que o antigo ministro das Finanças estava na prisão sul-africana, em isolamento.

Na sessão desta quinta-feira, Ford disse que Chang “pretende ficar” nos EUA e “lutar contra essas acusações”.

Chang foi ministro das Finanças de Moçambique durante administração Guebuza, entre 2005 e 2010, e terá avalizado dívidas de 2,2 mil milhões de dólares, secretamente contraídas a favor da Ematum, da Proindicus e da MAM.

A mobilização dos empréstimos foi organizada pelos bancos Credit Suisse e VTB da Rússia.

Fonte: Jornal Savana