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Identificado o nome Lider do terroristas, segundo o OMR

Bonomade Omar, segundo o OMR

Em Agosto de 2021, a identidade de Bonomade Omar foi amplamente caracterizada num relatório da organização Observatório do Meio Rural (OMR). Ele é um”leão da floresta”, alguém com “capacidade de comando, carisma e liderança” e “boas relações no Exército”.

O estudo do OMR foi intitulado assim: “Do inimigo sem rosto à hipótese de diálogo: Identidades, pretensões e canais de comunicação com os machababos”. Nele são apresentados os perfis de algumas das lideranças da insurgência em Cabo Delgado. Tem data de 10 de Agosto desse ano.

O documento aponta Bonomado Machude Omar, ou Ibn Omar, como o líder da insurgência que começou em finais de 2017 no norte de Moçambique. Ele troca frequentemente de nome, usando, entre outros, nomes de guerra como Omar Saíde ou Sheik Omar e atualmente conhecido por Nuro Saíde ou Abu Surakha.

Omar nasceu em Palma no povoado de Ncumbi e, aos 5 anos, ficou órfão de pai. A família viajou para Mocímboa da Praia e a mãe juntou-se a outro homem chamado Mze Tchidi, qye foi que  introduziu Omar no Islão.

Ele terminou a 10ª classe na Escola Secundária Januário Pedro em Mocímboa da Praia e, de acordo com antigos professores, era um jovem calmo, bom aluno e bom jogador de futebol. Depois de atingir a maioridade, cumpriu o serviço militar na marinha em Pemba, findo o qual residiu.

No internato do African Muslim, faz a 12ª classe e “torna-se um elemento carismático junto de outros jovens, onde era conhecido pelo seu sentido de justiça e de proteção dos mais novos. Um dos seus passatempos era jogar futebol. Devido à estatura elevada (entre 1,80 e 1,90m) e pelo facto de jogar no meio campo, adquiriu a alcunha de Patrick Vieira”.

O OMR diz que, entre 2008 e 2009, Omar trabalhou no mercado Maringué, em Pemba, onde vendia hortícolas e roupas muçulmanas, para um comerciante estrangeiro. Posteriormente, ele viajou para a Tanzânia e para a África do Sul e regressou a Mocímboa da Praia onde dinamizou uma mesquita e uma barraca de venda de quinquilharias, adquiridas em mercados tanzanianos ou na cidade de Pemba.

Bonomado Omar participou nos primeiros ataques a Mocímboa da Praia e refugiou-se nas matas. Pela sua habilidade militar e capacidade de camuflagem adquiriu localmente a alcunha de “Rei da Floresta”. Atualmente é o líder do grupo em Moçambique, assim como o elo de ligação com o exterior, como confirma tardiamente a PGR.

“Omar demonstra capacidade de comando, carisma e liderança, ditando as regras e decidindo onde e como atacar, assim como quem deve ser assassinado”. É a Omar que se recorre perante situações mais delicadas. Omar destaca-se como bom nadador. Futebol, alcorão, condução de veículos e manuseio de material bélico constituem as suas grandes paixões”, lê-se.

Tem três esposas nas matas de Cabo Delgado e vários filhos menores, inclusive na cidade de Pemba. À noite, circula com uma lanterna de mineiro na cabeça, por vezes com uma escolta de motas atrás de si. Os que o acompanham são geralmente mais velhos e experientes. Por vezes, é visto trajando “roupa muçulmana preta”.

Em Março de 2021, Omar coordenou o ataque a Palma e envolveu-se diretamente num processo de negociação de resgates. É conhecido por ter bastantes relações em vários distritos de Cabo Delgado, inclusivamente no exército moçambicano. Para além do suaíli, língua com a qual mais se identifica, Omar exprime-se fluentemente em macua, maconde e português.

Fonte: CartaMZ